Raul Seixas, Nirvana, Prince...

O rock dos anos 80 foi mais injusto com Erasmo e Raul do que com os tropicalistas. Mas os anos passam e as coisas vão se acomodando. É a história. Imprevisível em seus fins mas acompanhável em seus processos. Se há uma canção que alguém como eu tem de admirar de modo exaltado é “Ouro de tolo”. Sobretudo com aquela gravação, paródia de “Detalhes”, de causar inveja a qualquer tropicalista que se preze. Além disso, tem as bases espetaculares, aquela bateria aquela banda, que estão em tantos discos de Raul. Um babaca musical como eu tem de apreciar com reverência. Se Nando Reis me diz que fica embasbacado com “O conteúdo”, entendo que valeu a pena esperar. Eu amava o Camisa de Vênus. Nunca pedi, quis ou esperei reciprocidade de seu front-man. Nem preciso. Uma vez eu disse que Ivan Lins era música e Nirvana era lixo. Ora, eu gosto mais do Nirvana do que de quase tudo que ouvi nas últimas décadas. Mas o jornalismo de rock imitado do britânico me enche o saco. Além disso, é preciso que quem me ouve dizer que adoro Nirvana saiba que é assim sem que eu perca de vista o que há de semelhante entre ele e o Police. Soo muito heterodoxo criticamente? Bem, não será a última vez. Arto Lindsay (que com o DNA e com o Ambitious Lovers criou ao menos dois momentos culminantes da história do rock) e eu aderimos às vaias de “veado! veado! veado!” contra Prince, porque ele estava demorando demais de começar o show (uns caras ficavam passando Brasso nos corrimãos dourados que ele ia usar na apresentação). Rimos. Enfim o show se deu (no Maracanã): foi o melhor que eu já vi na minha vida.

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